-Para quê?-diz-lhe ela.
-Dás ou não?- diz-lhe ele, com aquela cara de quem quer, mas não se consegue irritar.
-Tá bem- e sorri!
-Onde vamos?
-Onde vamos?
-Já vais ver- murmura-lhe ele ao ouvido. Enquanto lhe beija a face livida, fria, no meio da multidão indiferente aquele momento mágico.
- Ao tempo que queria fazer isto contigo...- sussurra, enquanto aperta a mão dela com ternura. Com a outra mão tira do bolso o scao de pele, já gasta.
-Ohh! Que bonito...
-Espera. Dá me a outra mão.
-As duas??? Para que?
-Dá me a mão, vá lá, -diz a sorrir-já falta pouco.
É então que ele, despeja na mão dela o precioso conteúdo do saco, que atravessou gerações de sonhadores.
-É feito de estrelas-diz orgulhoso
-Faz como eu.
-Faz como eu.
E os dois pegam no que resta do pó estelar e lançam sobre eles. E fica um brilho no ar que só eles conseguem ver
-Pensa num sitio lindo, e vamos...
-Como assim?-diz ela? Não te entendo.
-Não faz mal, pensa só no sítio mais bonito que conheces. Mas que tenha ondas. Ela ri-se.
-Vá lá, tem de ser rápido.
E eles desaparecem. Ali mesmo, no meio da multidão indeferente.
Dizem que foram felizes para sempre, mas não se sabe ao certo. Nunca mais ninguém os viu....
Sem comentários:
Enviar um comentário